Após intensas negociações e uma votação acirrada, os professores da rede pública do Distrito Federal decidiram, na manhã desta quarta-feira (25), encerrar a greve da categoria, iniciada em 2 de junho. O retorno às atividades está previsto para esta quinta-feira (26). A decisão foi tomada durante assembleia geral realizada no estacionamento entre o Eixo Cultural Ibero-Americano (antiga Funarte) e a Torre de TV, em Brasília.
O movimento paredista durou 24 dias e teve como principais reivindicações a recomposição salarial de 19,8%, a reestruturação da carreira, a nomeação de candidatos aprovados em concurso público e a correção de dados previdenciários de professores temporários junto ao INSS. A categoria, representada pelo Sindicato dos Professores do DF (Sinpro-DF), chegou a enfrentar decisões judiciais desfavoráveis, como a autorização do corte de ponto e a imposição de multa diária de R$ 300 mil por parte do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT).
A proposta que selou o fim da greve foi construída após articulações envolvendo o Executivo local, o deputado distrital Chico Vigilante (PT) e o próprio TJDFT. Entre os principais pontos acordados, o GDF se comprometeu a nomear até 3 mil novos servidores da Secretaria de Educação até dezembro deste ano, dobrar os percentuais das gratificações por titulação — passando a 10% para especialização, 20% para mestrado e 30% para doutorado, com efeitos a partir de janeiro de 2026 —, e garantir que não haverá desconto dos dias parados. O pagamento dos valores referentes à greve será feito em folha suplementar, com previsão de lançamento junto à folha de julho.
Propostas detalhadas do GDF incluíram recomposição, nomeações e novo concurso
A proposta final também inclui o envio de um projeto de lei à Câmara Legislativa para garantir progressão horizontal na carreira, a prorrogação do concurso vigente — com validade até 27 de julho — e o lançamento de novo edital para o magistério no primeiro semestre de 2026. O calendário escolar será recomposto ainda neste semestre, e haverá um recesso programado para a primeira semana de agosto. Além disso, foi acordada a manutenção de uma mesa de negociação permanente para tratar da reestruturação da carreira docente.
Apesar do encerramento do movimento, a assembleia foi marcada por divisões dentro da própria categoria. Parte dos educadores considerou a proposta insuficiente, principalmente pela ausência do reajuste imediato e da nomeação de todos os cerca de 7 mil candidatos do cadastro reserva do último concurso. Já outro grupo avaliou que os avanços conquistados representam um passo significativo, especialmente ao assegurar compromissos legais e orçamentários para os próximos anos.
Ibaneis diz que negociação foi “aberta” e destaca reajuste concedido a servidores
O governador Ibaneis Rocha (MDB), que inicialmente classificou a greve como “movimento político”, afirmou que a proposta final resultou de um processo de diálogo e realismo fiscal. “Foi um processo de bastante negociação, iniciado por mim. Fizemos o que está dentro da realidade do governo. Estamos felizes com a compreensão dos professores para voltarmos a prestar o serviço que a sociedade espera de todos nós”, declarou à imprensa.
O GDF ressaltou ainda que os professores, assim como outras categorias do funcionalismo, foram beneficiados por um reajuste linear em andamento. A terceira parcela desse reajuste, no valor de 6%, será paga na folha de julho, contemplando aproximadamente 220 mil servidores ativos e inativos. A recomposição havia sido prometida em gestões anteriores, mas só começou a ser executada na atual administração.
A proposta aceita será homologada oficialmente ainda nesta quarta-feira, em audiência no TJDFT com a presença de representantes do Sinpro-DF e do governo local. O fim da greve representa um alívio para milhares de famílias e estudantes do DF, que agora aguardam a reorganização do calendário letivo para compensar os diaswerdidos.
Fonte: Metrópoles